RIO – Em meio às discussões sobre a necessidade de reformar as regras da Previdência Social, o histórico da composição da população brasileira até 2015 aponta para uma taxa rápida de envelhecimento, com um aumento expressivo da parcela de idosos e redução dos demais grupos etários. Olhando à frente, o crescimento na proporção de idosos será “marcante” nas próximas décadas. Mantida a taxa atual, o envelhecimento da população brasileira será mais de duas vezes mais rápido que a média mundial.
A análise partiu do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística em sua pesquisa Síntese de Indicadores Sociais – Uma análise das condições de vida da população brasileira – 2016. A principal fonte do levantamento divulgado hoje foi a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios – Pnad 2015, apresentada na semana passada.
A população do país em 2015 foi estimada em 204,9 milhões, com crescimento anual de 1% entre 2005 e 2015. No mesmo período, a parcela de pessoas de zero a 14 anos no total da população diminuiu de 26,5% para 21%; e a de 15 a 29 anos, de 27,4% para 23,6%. Estas duas classificações foram as que apresentaram recuo mais intenso de participação na população entre as faixas etárias pesquisadas pelo instituto no período.
Em contrapartida, a parcela de adultos de 30 a 59 anos subiu de 36,2% para 41% de 2005 a 2015. Também cresceu a fatia de idosos de 60 anos ou mais de idade, de 9,8% para 14,3%, no mesmo período.
O IBGE também analisou o processo de envelhecimento do país utilizando outra base de dados, a de projeção populacional feita pelas Nações Unidas. Com isso, é possível perceber que o crescimento esperado da parcela de idosos na população brasileira será expressivo nas próximas décadas.
No Brasil, entre 1950 e 2000, a fatia de idosos no contingente populacional se manteve inferior a 10%, semelhante ao observado em países menos desenvolvidos. A partir de 2010, o indicador começa a se aproximar das estimativas de países mais desenvolvidos, com fatia mais expressiva de idosos na população brasileira.
Pelos dados da ONU, em 2015, a fatia de idosos de 60 anos ou mais na população mundial foi de 12,3%. No Brasil, no mesmo ano, esta parcela foi similar, de 11,7% do contingente populacional, parcela inferior à apurada pelo IBGE, de 14,3%.
Na prática, os dados do instituto mostram que, se continuar a crescer da forma que avançou até 2015, a população de idosos no Brasil dobraria em ritmo bem mais rápido do que a fatia de idosos dentro da população mundial. De acordo com o IBGE, as projeções realizadas pelas Nações Unidas mostram que a parcela de idosos na população mundial dobraria para 24,6% em cerca de 55,8 anos. No Brasil, a proporção de idosos dentro da população, por sua vez, dobraria para 23,5% em muito menos tempo, em 24,3 anos.
Este cenário de ritmo acelerado de envelhecimento da população brasileira levou a uma mudança expressiva na razão de dependência total – indicador que relaciona pessoas economicamente dependentes, de jovens e de idosos, e aquelas potencialmente ativas. Para se definir o grupo dos jovens neste indicador, considerou-se pessoas com menos de 15 anos.
No Brasil, a razão de dependência de jovens diminuiu entre 2005 e 2015, passando de 41,7 jovens para 100 pessoas em idade economicamente ativa em 2005, para 32,5 jovens em 2015. Mas, a razão de dependência de idosos subiu de 15,5 para 22,2, para cada grupo de cem pessoas em idade economicamente ativa, no mesmo período.
Fonte: https://www.valor.com.br/brasil/4794347/envelhecimento-da-populacao-do-brasil-deve-se-acelerar-aponta-ibge